segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Lições para um Urbanismo Sustentável: O REurb em Sevilha

Há pouco tempo, um dos membros do REurb visitou a acolhedora e ciclável cidade de Sevilha, em Espanha. Aproveitamos a oportunidade para realizar um breve diário de bordo para analisar o modo como a cidade de Sevilha se relaciona com o cidadão. 

Neste pequeno vídeo conseguimos perceber quem tem prioridade na principal avenida do centro de Sevilha



O peão é tratado como um rei! 

Algo impressionante em Sevilha é a preocupação em oferecer o máximo de conforto às pessoas. Nas áreas centrais, há muita arborização – duas filas de árvores bem próximas, formando um cordão espaçoso de zonas sombreadas para a circulação de peões e ciclistas – e passeios largos, com pavimentos confortáveis e seguros, adequados para pessoas que utilizam cadeira de rodas, carrinhos de bebé, trotinetes, skates, patins, e claro, para a bicicleta! 



Em cada esquina, há uma praça arborizada. Nos locais onde não existem árvores, são colocados toldos em lona semitransparente, dispostos de um lado ao outro da rua, para reduzir, consideravelmente, a luminosidade e o calor do sol durante os verões quentes.


Além disso, existem espelhos d’água,fontes, bebedouros e micro pulverizadores de água, para aumentar a humidade do ar e diminuir o calor escaldante no verão.


Nas zonas pedonais verifica-se um movimento intenso. Encontram-se muitos idosos, pessoas com acessibilidade reduzida e famílias com crianças a brincar.



Foram removidas cerca de 5 mil vagas de estacionamento de veículos e retirada uma das faixas do sistema viário para ampliação dos passeios. 

Essa infraestrutura está presente nas principais avenidas e foi definida uma política de coexistência na via pública, com a restrição de veículos e a redução da velocidade dos mesmos, para além de campanhas educativas.



Os esforços para tornar a bicicleta numa alternativa de transporte sustentável e viável são uma realidade em Sevilha, que já integrou a bicicleta a sua paisagem urbana e obteve o quarto lugar no ranking das 20 cidades mundiais mais amigas da bicicleta, como informa o site Greensavers, em maio deste ano. Além de ganhar visibilidade entre os circuitos turísticos pela facilidade de visitar a cidade a pé ou de bicicleta, e pela valorização do espaço público, comércio de rua e a praças movimentadas.


Como mudar as nossas cidades?
Para tornar uma cidade mais humanizada e amiga das bicicletas e das pessoas, é preciso exigir dos políticos, sem medo de tentar o novo e de contrariar setores acomodados da sociedade. Também é importante que os cidadãos participem das audiências públicas e se envolvam nas mudanças na cidade que beneficiem pessoas, não automóveis ou mercado imobiliário.




Como em toda mudança de cultura, haverá forte resistência. Da maneira que a cidade está, todos já sabem como funciona e a maioria se adapta à situação ruim; com o anúncio de grandes mudanças, vem o receio de parte da população de não se conseguir adaptar à nova situação. Em especial o setor do comércio e restauração, que é dirigido hoje aos clientes que chegam de carro.


É importantíssimo esclarecer que os clientes são as pessoas e não os automóveis, eliminando o receio de que menos carros signifique falta de clientes. O ciclista também é consumidor, e sua cadeia de procutos e serviços geram muitos empregos.

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